O Brasil despencou para a 81ª posição mundial no ranking de proficiência em inglês da EF 2024, com apenas 466 pontos – uma queda de 11 posições em relação ao ano anterior. Com apenas 1% da população fluente em inglês, o país enfrenta um desafio crítico às vésperas da COP30 em Belém, comprometendo sua capacidade de liderar discussões globais sobre mudanças climáticas.
Retrato de uma crise anunciada
Entre 21 países latino-americanos, o Brasil ocupa a vergonhosa 18ª posição, atrás de nações como Argentina (28ª global), Uruguai (36ª) e até Bolívia (47ª). A situação é ainda mais alarmante quando analisada regionalmente: enquanto Santa Catarina lidera com 535 pontos, o Pará – sede da COP30 – registra apenas 463 pontos, classificado como “baixa proficiência”.
Nas capitais, o abismo persiste. Florianópolis domina com 565 pontos, seguida por Porto Alegre (556) e Belo Horizonte (544). Belém, que receberá 60.000 participantes internacionais em novembro de 2025, pontua modestos 489. Esta geografia linguística desigual reflete décadas de negligência educacional que agora cobra seu preço em competitividade global.
COP30: o teste diplomático definitivo
A realização da primeira COP no Brasil representa tanto oportunidade histórica quanto desafio monumental. As negociações climáticas exigem precisão técnica extraordinária, com discussões cruciais ocorrendo predominantemente em inglês. Estudos mostram que barreiras linguísticas marginalizam países em desenvolvimento nestas conferências, limitando sua influência em decisões críticas.
O Pará investirá R$ 172 milhões em infraestrutura hoteleira, mas a capacitação linguística permanece vaga. Pesquisas revelam que mesmo em hotéis internacionais da região, “ninguém fala inglês” é queixa recorrente. Esta deficiência ameaça não apenas a logística, mas a capacidade brasileira de articular propostas como o Fundo Amazônia de US$ 125 bilhões.
Impacto econômico: perdas trilionárias
A Fundação Getulio Vargas calcula que o PIB per capita brasileiro poderia ser 66% maior com educação de qualidade universal. No setor empresarial, 75% das empresas relatam prejuízos em transações internacionais por barreiras linguísticas. Apenas 8% dos executivos brasileiros dominam inglês, limitando drasticamente a inserção global do país.
O turismo exemplifica estas perdas: apesar de possuir os melhores recursos naturais segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa apenas a 51ª posição em competitividade turística. O déficit do setor alcança US$ 15,6 bilhões, com barreiras linguísticas como fator determinante. A Copa de 2014 expôs estas limitações mesmo em acomodações certificadas pela FIFA.

Iniciativas fragmentadas, resultados insuficientes
O programa Idiomas sem Fronteiras atendeu 200.000 estudantes, mas sofreu cortes orçamentários severos. A Base Nacional Comum Curricular tornou inglês obrigatório no ensino fundamental, mas enfrenta desafios continentais de implementação. O Pronatec Turismo demonstrou sucesso pontual, treinando 150.000 trabalhadores para os megaeventos esportivos.
O setor privado desenvolveu robusta indústria de ensino: Wizard by Pearson opera 1.000 filiais nacionalmente, CCAA atende 200.000 alunos, e corporações como Petrobras e Vale investem pesadamente em capacitação. Contudo, custos proibitivos perpetuam exclusão: cursos privados podem consumir a renda integral de famílias pobres.
Lições dos vizinhos bem-sucedidos
O Uruguai revolucionou o ensino com o Plano Ceibal: videoconferências atingem 80.000 estudantes em 568 escolas com resultados comparáveis ao ensino presencial tradicional. A Argentina, com ensino de inglês desde 1904, desenvolveu ampla rede bilíngue e mecanismos federais de coordenação. Costa Rica vinculou proficiência linguística ao desenvolvimento econômico, dedicando 30% do orçamento à educação e atraindo gigantes tecnológicas.
Estes modelos provam que transformações são possíveis com políticas adequadas, tecnologia inovadora e compromisso sustentado. O Brasil possui recursos e capacidade institucional, mas carece de estratégia integrada e continuidade política.

Momento decisivo para o futuro
A crise de proficiência em inglês não é apenas educacional – é econômica, diplomática e social. Com trabalhadores fluentes ganhando até 61% mais, a barreira linguística perpetua desigualdades e limita mobilidade social. A COP30 pode catalisar mudanças, criando urgência política para reformas estruturais.
O sucesso brasileiro na conferência climática dependerá de sua capacidade de superar barreiras linguísticas e demonstrar liderança global. Sem ação urgente e coordenada, o país continuará marginalizado em discussões internacionais, perdendo oportunidades econômicas e influência diplomática.
A janela de oportunidade está aberta, mas o tempo é escasso. Investir em educação linguística não é custo, mas estratégia de sobrevivência em mundo cada vez mais interconectado. A COP30 será o teste definitivo: o Brasil aproveitará este momento para transformar sua realidade educacional ou permanecerá prisioneiro de suas limitações linguísticas?
Para quem busca superar essas barreiras, existem recursos disponíveis. O blog Aprenda Falar Inglês oferece dicas práticas e métodos comprovados.