A busca por um estilo de vida mais consciente e em harmonia com o meio ambiente está remodelando diversas indústrias, e o mercado imobiliário não é exceção.
Se antes a sustentabilidade era vista como um diferencial nichado ou um custo adicional, hoje ela se estabeleceu como um pilar fundamental na estratégia de desenvolvimento e valorização de propriedades.
Neste artigo, vamos aprofundar a premissa de que imóveis sustentáveis não só contribuem para a saúde do planeta, mas também, e de forma cada vez mais clara, para o bolso de investidores e proprietários.
A crescente consciência ambiental do consumidor e as exigências regulamentares em evolução estão forçando o setor a se adaptar.
Você vai conhecer as evidências que comprovam essa relação, estratégias práticas para incorporar a sustentabilidade e uma visão de futuro promissora para o segmento.
O que é “imóvel sustentável”?
Um imóvel sustentável é aquele que foi concebido, construído e é operado com o objetivo de minimizar seu impacto negativo no meio ambiente e otimizar o uso de recursos.
Em uma grande metrópole, uma casa à venda em São Paulo, onde o adensamento urbano é uma realidade, as construções sustentáveis podem se destacar como um oásis de bem-estar.
As práticas típicas vão desde a eficiência energética (com painéis solares e iluminação natural) e o uso consciente da água (sistemas de captação de água da chuva), até o emprego de materiais ecologicamente corretos e a infraestrutura verde, como telhados e paredes verdes.
O desenvolvimento verde (ou green development) surge como uma abordagem holística, que integra o design, a engenharia e a arquitetura para criar construções que respeitam o ecossistema local.
Para atestar o compromisso com o meio ambiente, existem certificações e selos reconhecidos mundialmente e localmente, como LEED, AQUA, EDGE e QUALIVERDE.
Eles funcionam como um atestado de qualidade e sustentabilidade, agregando credibilidade e valor ao empreendimento.
Evidências e dados que apoiam a relação entre sustentabilidade e valorização
O mercado já demonstra, com dados concretos, que a sustentabilidade não é apenas uma tendência, mas um vetor de valorização.
Pesquisas apontam que empreendimentos sustentáveis podem obter uma valorização de até 20% superior em comparação a projetos convencionais.
Isso se deve a diversos fatores: menor depreciação, custos operacionais reduzidos e, principalmente, uma percepção de valor superior por parte do consumidor.
A preferência do comprador é um dos motores dessa mudança.
A pesquisa ABRAINC/BRAIN, por exemplo, revelou que 57% dos entrevistados buscam imóveis com espaços arejados e integrados à natureza, enquanto 56% estariam dispostos a pagar mais por tecnologias verdes.
Em estudos locais, como na cidade de Uberlândia, Minas Gerais, foi observado que práticas sustentáveis na construção são um fator decisivo na escolha dos compradores.
O marketing imobiliário tem aproveitado essa percepção, utilizando a sustentabilidade como um forte diferencial competitivo.
Empresas que incorporam o conceito de ESG (Environmental, Social and Governance) na sua estratégia demonstram responsabilidade e atraem um público mais engajado.
Isso cria uma demanda mais alta por imóveis que oferecem benefícios ambientais e de bem-estar.
Como a sustentabilidade agrega valor (mecanismos de valorização)
A valorização de um imóvel sustentável é um processo multifacetado.
A produção de celulose, por exemplo, é um processo industrial que busca a sustentabilidade através da redução do uso de papel, algo que se alinha com o objetivo de um imóvel sustentável, que também busca a redução de consumo.
A seguir, destacamos os principais mecanismos de valorização.
Redução dos custos operacionais
Imóveis sustentáveis são projetados para serem eficientes.
Isso se traduz em um menor consumo de energia e água, resultando em contas mais baixas para os moradores e uma economia significativa a longo prazo.
Maior atratividade e liquidez
A demanda por imóveis verdes está em ascensão.
Projetos sustentáveis atraem um público mais amplo e consciente, facilitando a venda ou locação e, consequentemente, aumentando a liquidez do ativo.
Diferencial competitivo e marketing
A sustentabilidade é uma poderosa ferramenta de marketing.
Ela posiciona o imóvel não apenas como uma construção, mas como um investimento em bem-estar e qualidade de vida.
Mitigação de riscos regulatórios
Com políticas ambientais cada vez mais rigorosas, investir em sustentabilidade é se antecipar a futuras exigências, evitando custos de adequação e garantindo a conformidade.
Preservação do patrimônio
O uso de materiais duráveis e a atenção ao projeto resultam em maior vida útil do imóvel e na diminuição da necessidade de intervenções corretivas.
Desafios e limitações a serem observados
Apesar dos benefícios, a transição para a construção sustentável não é isenta de desafios.
O custo inicial pode ser mais alto, ou requerer um investimento adicional para a incorporação de tecnologias e materiais ecologicamente corretos.
Outro ponto crucial é a dificuldade de mensuração do retorno sobre o investimento, o que pode gerar incerteza para investidores mais tradicionais.
A falta de cultura e conhecimento no setor também é uma barreira. Muitos construtores e compradores ainda veem a sustentabilidade como um luxo, não como um padrão.
Além disso, o greenwashing — a prática de prometer sustentabilidade sem executá-la de fato — é um risco que pode minar a credibilidade de todo o segmento.
Estratégias práticas para construtoras, incorporadoras e investidores
Para superar os desafios e colher os frutos da sustentabilidade, é preciso adotar uma abordagem estratégica.
Começar a pensar na sustentabilidade já no projeto arquitetônico é fundamental.
A importância do business intelligence é crucial para analisar dados de mercado e entender as preferências do consumidor, permitindo a criação de projetos mais alinhados à demanda.
As principais estratégias são:
- Design e tecnologia: incluir sistemas eficientes, materiais certificados e tecnologias verdes desde a concepção do projeto.
- Certificação e transparência: buscar certificações reconhecidas e comunicar os benefícios ambientais de forma clara e honesta.
- Análise de viabilidade: realizar estudos que demonstrem o retorno financeiro a longo prazo.
- Engajamento e comunicação: educar o público potencial sobre os benefícios da sustentabilidade, mostrando dados de economia e qualidade de vida.
A sustentabilidade como o futuro da valorização imobiliária
A sustentabilidade deixou de ser um conceito idealista para se tornar uma necessidade pragmática e um poderoso motor de valorização no mercado imobiliário.
O crescimento da consciência ambiental e a demanda por imóveis que oferecem mais qualidade de vida e eficiência energética demonstram que essa relação é sólida e tende a se fortalecer.
Unir uma visão de longo prazo a uma estratégia técnica sólida e a uma comunicação transparente é a chave para o sucesso no novo mercado imobiliário.
Aqueles que entenderem e incorporarem a sustentabilidade em seu DNA não apenas contribuirão para um futuro mais verde, mas também garantirão a relevância e o sucesso financeiro de seus empreendimentos.
