O que esperar do mercado de cerveja

O que esperar do mercado de cerveja em 2022

Crise impactou a distribuição de bebidas e o poder de compra do consumidor. Lições aprendidas no último ano devem dar direcionamentos importantes.

O ano que passou foi desafiador para praticamente todos os setores da economia. Com a alta do desemprego e as medidas restritivas, que alteraram o funcionamento de bares e restaurantes, 2020 também não foi fácil para o mercado de bebidas.    

Apesar de não serem atingidos da mesma maneira, todos os distribuidores e comerciantes sofreram algum impacto: desde os vendedores de cervejas populares até os especializados em cerveja artesanal, uma vez que todo mundo precisou mudar os hábitos de consumo.

Com mais gente em casa, além da recomendação de cancelar reuniões e eventos com aglomeração de pessoas, bebeu-se menos em estabelecimentos comerciais.

No entanto, o público passou a consumir as bebidas no próprio lar, fazendo com que os supermercados e as distribuidoras vendessem como nunca.

No segundo semestre, um problema no fornecimento de insumos, como embalagens, também afetou o mercado e fez com que, em vários lugares, faltassem cervejas tradicionais, mesmo que houvesse demanda dos consumidores para comprá-las.

Melhoria deve ser lenta

As previsões para 2021 ainda não são animadoras, já que o número de contaminados voltou a subir em todo o país, ocasionando que várias cidades voltaram para as fases mais restritivas — até o Carnaval foi cancelado.

A crise sanitária deve continuar sendo um importante direcionador para o mercado de cerveja. No entanto, a expectativa é que haja uma leve recuperação, especialmente por conta das lições já aprendidas no ano anterior.

Tanto as grandes quanto as pequenas cervejarias já fizeram investimentos importantes no comércio on-line, que deve continuar em crescimento, mesmo quando as pessoas puderem voltar a sair e se aglomerar.

Mesmo com a queda nas vendas, muitas das maiores cervejarias do país investiram em novas fábricas, melhoria na distribuição e no marketing.

Temas como sustentabilidade e diversidade devem ser explorados cada vez mais, impulsionados por consumidores mais conscientes e exigentes.

As pequenas cervejarias, com menor reserva financeira e alta dependência de eventos especializados, devem continuar passando por dificuldades, tanto pelas incertezas ao longo de toda a cadeia, quanto pela escassez e pela alta no preço dos insumos.

No entanto, os investimentos em sites, redes sociais e parcerias para divulgação das marcas devem garantir que algumas tenham fôlego para passar por mais esse ano.

Mercado premium deve ser aposta

O mercado premium foi o que menos sofreu até agora, porque os consumidores com maior poder aquisitivo também foram os menos impactados pela crise.

Tanto as grandes quanto as pequenas cervejarias já perceberam que essa é uma tendência que deve se manter, por isso, estão apostando nesses produtos.

Esse é um segmento que cresceu no ano passado e deve continuar em ascensão. A tendência é que o público disposto a pagar mais por cervejas, fabricadas de maneira artesanal e com insumos de melhor qualidade, continue dando preferência a essas bebidas, mesmo que elas sigam custando mais caro.

Por outro lado, os consumidores de cervejas mais populares devem continuar experimentando dificuldades financeiras.

Portanto, uma alta nos preços para melhorar a margem de lucro de quem as produz pode significar que as pessoas tenham que comprar menos.

Muitos hábitos não serão como antes

Mesmo quando a população estiver vacinada, e os eventos voltarem a acontecer, a expectativa dos especialistas é que alguns hábitos não voltem ao que a gente conhecia como normal.

Muita gente se acostumou ao home office e não deve mais voltar a trabalhar em escritórios. O famoso happy hour entre colegas, que lotava os bares no fim do dia, não deve mais ser um hábito tão frequente, por exemplo.

Quem nunca tinha comprado cerveja on-line, mas aprendeu a fazer isso agora, deve continuar utilizando esse meio de aquisição.

O mesmo vale para quem não pensava na sustentabilidade da cadeia de produção, mas começou a considerá-la. Ou seja, algumas mudanças serão permanentes, e quem ainda não se adaptou a elas ficará para trás.